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27 setembro, 2010

JCG/SETEMBRO: DE VOLTA ÀS ORIGENS


Estamos vivendo em um período da história completamente distinto de tudo o que já existiu. As mudanças culturais, comportamentais e filosóficas que são veiculadas pela mídia, aparentemente de modo ingênuo, são fruto do movimento pós-moderno, que em seu arcabouço une e difunde o somatório de várias ideologias, como o secularismo, o humanismo, o relativismo e o pluralismo. Esse sistema de idéias tem transformado a sociedade, e infelizmente, de modo sutil, tem penetrado no seio da Igreja. Isso pode ser visto na forma como o evangelho tem sido apresentado nas mais variadas vertentes do meio evangélico.
A Revista Época, nº 638 sob o tema "A Nova Reforma Protestante", inicia sua reportagem assim: "Inspirado no cristianismo primitivo e conectado à internet, um grupo crescente de religiosos critica a corrupção neopentecostal e tenta recriar o protestantismo à brasileira". Mais a frente, o artigo continua: "Ela é resultado de manifestações espontâneas, que mantêm a diversidade entre as várias diferenças teológicas, culturais e denominacionais de seus ideólogos. Mas alguns pontos são comuns. O maior deles é a busca pelo papel reservado à religião cristã no mundo atual. Um desafio não muito diferente do que se impõe a bancos, escolas, sistemas políticos e todas as instituições que vieram da modernidade com a credibilidade arranhada".
Vale destacar as últimas palavras do texto acima: "vieram da modernidade com a credibilidade arranhada". O pós-modernismo, segundo seus defensores, é uma resposta aos valores e ideais oferecidos até então, os quais, segundo eles, demonstraram não atender às expectativas e respostas do homem, mas o conduziram à decepção. Assim, o ideal pós-moderno tende a enterrar de vez princípios e valores que conhecemos e praticamos, ao expor um novo sistema de valores através da música, da arte, da literatura, das novelas, dos filmes, do vestir e do trato com seus semelhantes. É inegável que isso esteja acontecendo já há mais de uma década, e desta vez não pelo poder das armas, mas de modo silencioso, sob forma de conceitos, penetrando, inclusive, no seio da igreja cristã.
Infelizmente, muito do que temos visto no dia a dia, nas igrejas evangélicas, é a adequação desse modelo de mentalidade, seja no comportamento, no pensamento, nas atitudes e nas decisões. O que tem prevalecido em muitas vertentes do meio evangélico não é o que a Palavra diz, mas o que se pode adaptar como realidade para os nossos dias. Pois no pluralismo cristão não vale o que realmente as Escrituras dizem, pois não existe uma verdade absoluta, tudo é relativo, é questão de opinião.
Desse modo, a igreja que tem assimilado o padrão pós-moderno e tem produzido um "crente" individualista, que vai ao culto buscar seus interesses e conquistas pessoais, e não "busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas." (Mt.6:33). O "Culto racional", que é "apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus" (Rm.12:1) já não norteia a vida do cristão pós-moderno, pois a razão da fé foi substituída pelo sentimentalismo. Surgiu aquilo que alguns estudiosos cristãos denominam de teologia do "sentir-se bem". Ou seja, se gostam do culto, o ambiente é agradável, a mensagem pregada é paliativa e condiz com aquilo que ele acha ser o certo e jamais o confronta, levando-o a sensação de satisfação, "esse é o lugar". Não é de admirar que hoje exista um quadro de membros flutuante nas igrejas, pois se eles não se sentem bem, mudam de igreja, ou melhor, de denominação religiosa.
Como consequência, surgiu um consumismo religioso, onde determinados seguimentos evangélicos oferecem reuniões, cultos ou sessões que satisfaçam as expectativas, necessidades e paladar de seus clientes, quer dizer, de seus membros, independente se aquilo que apresentam é a verdade absoluta das Escrituras Sagradas, pois o que importa é ter público e estes se sintam confortáveis e jamais perturbados e contraditados.
É aterrador ler e ouvir declarações como "Comece hoje, agora mesmo, a cobrar d’Ele tudo aquilo que Ele tem prometido... O ditado popular de que ‘promessa é divida’ se aplica também para Deus. Tudo aquilo que Ele promete na sua palavra é uma dívida que tem para com você..." (MACEDO, Edir. Vida com Abundância, p. 36). É algo bom de ouvir, porém, é uma declarada inversão de valores, pois se prega que quem deve é Deus e não o homem. Não se prega contra o pecado, não se fala em arrependimento e perdão de pecados, não se fala muito mais em conversão e mudança de vida, não se prega muito mais sobre o céu e muito menos da condenação eterna, pois o relativismo pressupõe não existir o certo ou errado, muito menos absolutos, portanto, tudo vai depender do que o indivíduo acha e sente, e isso por si só basta.
Não é de admirar que o mesmo autor das palavras acima, quando perguntado do porquê defendia o aborto, em sua entrevista à Folha de São Paulo, em 13 de outubro de 2007, tenha oferecido uma resposta humanista e não bíblica. E quando confrontado pelo repórter de que "Deus deu a vida e só Ele pode tirá-la", pluraliza sua resposta, oferecendo como respaldo um texto bíblico tirado fora de seu contexto.
Na realidade, quando se faz uma leitura do que está acontecendo, sob a perspectiva do pós-modernismo e da história da Igreja, fica mais claro entender o porquê desta "reforma". Sempre existiu um remanescente fiel diante das estruturas eclesiásticas dominantes, que um dia foram levantadas e, por motivos diversos tomaram rumos diferentes do "ensino dos apóstolos". Podem-se citar os Montanistas, os Anabatistas, os Albigenses e os Valdenses como exemplo desses remanescentes. Hoje, não é diferente. Existem aqueles que não se deixam moldar ao padrão deste mundo, mas transformam-se "pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus" (Rm.12:2 - NVI).
Muitas destas novas comunidades, bem como igrejas históricas e pentecostais se têm posicionado de modo divergente ao que está em voga, ou seja, refutado um evangelho diluído e contaminado com uma doutrina que valoriza o individualismo, no qual a pessoa não vem à Igreja para servir a Deus, mas por Ele ser servido. É a tão apregoada Teologia da Prosperidade, que inverteu os valores contidos nas Escrituras Sagradas, e traz consigo uma "interpretação" própria.
Sou de origem pentecostal, creio dos dons espirituais. Vim para o Evangelho aos 9 anos de idade, e cresci vendo paralíticos, cegos e muitos enfermos serem curados. Vi diante de mim um leproso ficar limpo pelo poder de Deus, pois, afinal, esta foi a ordem de Jesus a seus discípulos: "Curem os enfermos, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos expulsem os demônios. Vocês receberam de graça; dêem também de graça" (Mt.10:8 NVI). E foi sua ordenança antes de ascender aos céus no Evangelho de Marcos 16:15-18. Porém, concomitantemente a Palavra era pregada chamando ao arrependimento, à mudança de vida, a ser uma nova criatura em Cristo Jesus, a renunciar a si mesmo e seguir Jesus. Um evangelho completo.
Portanto, quando se fala em retornar aos moldes da igreja primitiva, infere dizer resgatar o ensino apostólico e a vida comunitária, de comunhão do povo de Deus. Pois a característica das igrejas pós-modernas é o individualismo. Participa-se de cultos "abençoados", mas não se tem relacionamento com quem se senta ao seu lado. É regressar à renuncia de si mesmo, da própria vontade e deixar que Jesus seja realmente o Senhor de nossa vida e desejos. É dizer como o Mestre: "Pai, se queres, afasta de mim este cálice; contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua" (Lc. 22:42). O profeta Jeremias, que também era sacerdote, foi pouco ouvido e compreendido, porque soube discernir muito bem as mudanças de conceitos e costumes de sua época, os quais fizeram seus conterrâneos voltarem-se para outros deuses. Bem, o que ele proclamou há cerca de 2.600 anos é tão atual hoje quanto foi em seu tempo. Leia Jr. 6:13-16.
O dilema é: o crente deseja, de fato, perguntar pelo caminho antigo e seguir por ele? Pois o Senhor Jesus deixou claro que a porta de acesso é estreita e o próprio caminho apertado, mas ele leva à vida, vida eterna (Mt. 7:13,14). Louvo a Deus porque, apesar de hoje se verificar uma igreja amoldada ao mundo, que nem é quente, nem fria, que se diz rica, não ter falta de nada e enxergar muito bem, porém, diz o Senhor que está a ponto de vomitá-la da sua boca, caso não reveja suas obras (Ap. 3:14-22), existe um remanescente fiel aos princípios cristãos, que procura viver uma vida piedosa, que possui uma fé racional, na qual tem lugar o intelecto e emoção, mas não é racionalista nem sentimentalista, pois tem por Pedra Angular a Cristo Jesus e Sua Palavra. Este é o verdadeiro retorno aos valores da Igreja Primitiva.
 
Pastor Jerônimo Dantas - IEQ em Cosmos, Rio de Janeiro/RJ




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"Falta-nos hoje novos Luteros!"


Mais do que nunca precisamos de uma Reforma.
Não creio que a questão esteja na coexistência da Igreja com os aparentemente cristãos adeptos de filosofias humanistas seja a grande questão. Lutero enfrentou situação muito mais adversa – estava só, não tinha os meios de comunicação à sua disposição e experimentava uma perseguição implacável.
Falta-nos hoje novos "Luteros" - homens e mulheres movidos pela mesma indignação, capazes de colocar em risco a própria vida para viverem os verdadeiros valores do Evangelho.
Infelizmente, desde o primeiro século a Igreja teve que se deparar com as ameaças heréticas. Basta olhar para as cartas de Paulo para encontrarmos suas preocupações com o avanço do gnosticismo. E conviveremos com esse tipo de luta até a volta de Cristo. O próprio Jesus deixou claro que trigo e joio crescerão juntos – um plantado pelo Espírito Santo e o outro plantado pelo maligno. Mas só Deus sabe quem é quem. Portanto, nossa maior preocupação precisa ser a de viver a pureza do Evangelho, pois quando a luz brilha as trevas recuam. E na medida em que vivermos com inteireza de coração e compromisso com Jesus, automaticamente vamos incomodar as trevas – e isso atrairá perseguição.
Podemos voltar às origens? É claro que sim. Creio que o próprio Deus produzirá um avivamento tal que resultará num processo de purificação da Igreja (como a vemos). Mas antes é necessário que o que é falso se mostre – o que é sujo, suje-se mais ainda. Mas o que é santo... santifique-se mais. Isso fará a diferença. E na medida em que vivermos assim, nos tornaremos, nós mesmos, instrumentos de Deus para essa nova reforma, para esse avivamento dos últimos dias.


Edson Valentim - pastor presidente do CONPEV - Bauru


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"O Apóstolo Paulo nos dá a semente
que leva a Igreja Primitiva"



É maravilhoso quando somos levados a pensar na IGREJA PRIMITIVA, ou à primeira.
Mas analisando a igreja da pós-modernidade será que ela mudou em relação à primitiva. Na minha opinião sim, e não foi para melhor!
Quando lemos em Atos vemos que através da vida de um pescador, (Pedro) homem sem instrução, cheio de imperfeições aos olhos humanos, Deus começa sua Igreja. Através deste homem cerca de três mil almas conheceram a Jesus Cristo - em sua primeira pregação.
No livro de I Timóteo 1:5, Paulo nos dá a semente que levou a Igreja Primitiva: "O objetivo desta instrução é o amor que procede de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sincera". Então a base da Igreja é o Amor, um coração puro, uma boa consciência e uma fé sincera, e sob estes alicerces os Apóstolos iniciaram a Igreja Primitiva. Em Atos 2:42 e 43 vemos uma descrição importante: "Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e á comunhão, ao partir do pão e as orações. Todos estavam cheios de temor, e muitas maravilhas e sinais eram feitos pelos apóstolos"
Logo se não há em nossas Igrejas atuais sinais, milagres, maravilhas e prodígios é porque não estamos praticando o Amor, como a Igreja Primitiva praticou. Infelizmente, nossa atualidade é marcada por igrejas preocupadas com status, lucros, posição social, que muitas vezes possuem líderes inescrupulosos. Em minha opinião essa tal Teologia da Prosperidade não tem base bíblica, basta lermos Deuteronômio 28:2.
"Todas estas bênçãos virão sobre ti e as acompanharão, se vocês obedecerem ao Senhor teu Deus".
Portanto irmãos, para alcançarmos as bênçãos não têm a necessidade de sacrifícios financeiros, basta apenas obedecer a Bíblia. Já é chegado o tempo de nós como Igreja de Cristo rever os conceitos, viver em obediência a palavra de Deus e cumprindo a sua vontade.



Ronaldo Lima - Pastor da Comunidade vida e Paz / Bauru



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"Só há um caminho, voltar às origens!"


Embora os adeptos da Teologia da Prosperidade considerem Kenneth Hagin o pai desse movimento, pesquisas cuidadosas feitas por vários estudiosos, como D. R. McConnell demonstraram conclusivamente que o verdadeiro originador da confissão positiva foi Essek William Kenyon (1867-1948). Ela também é conhecida como "confissão positiva", "palavra da fé", "movimento da fé" e "evangelho da saúde e da prosperidade", e surgiu no início do Século XX nos EUA. Sua doutrina afirma, interpretando alguns textos bíblicos como Gênesis 17:7, Marcos 11:23-24 e Lucas 11:9-10, que os que são verdadeiramente fiéis a Deus devem desfrutar de uma excelente situação na área financeira, na saúde, etc. Na década de 60, havia pouco mais de 3 milhões de evangélicos. A grande explosão evangélica ocorreu na década de 80, com o surgimento das igrejas neopentecostais. Elas retiraram do pentecostalismo a rigidez da "doutrina de usos e costumes" e adicionaram a teologia da prosperidade. Hoje somos mais de 45 milhões de evangélicos no Brasil. Mas ela apresenta ensinos questionáveis sobre a fé, a oração e as prioridades da vida cristã, e de dar relativismo a importância das Escrituras Sagradas por meio de novas revelações. Tristemente, vários grupos, principalmente os que têm maior visibilidade na mídia, estão cada vez mais comprometidos com essa teologia desconhecida da maior parte da história da igreja do Senhor. Ao defenderem e legitimarem os valores da sociedade secular (riqueza, poder e sucesso), e ao oferecerem às pessoas o que elas ambicionam, e não o que realmente necessitam aos olhos de Deus, tais igrejas crescem de maneira impressionante, mas perdem grande oportunidade de produzir um impacto salutar e transformador na sociedade brasileira, com os princípios do Reino de Deus. As igrejas foram transformadas em verdadeiros Bancos de Dinheiro e fortalezas de arrecadações milionárias (aonde se deposita "o tudo" para obter resposta do céu - com os juros e correção monetária merecida). Não posso concordar com isso, e a meu ver, não há como coexistir a narcisista "filosofia humanista" (dEUs) e ao mesmo tempo, resgatar a simplicidade da "doutrina dos apóstolos" (Deus) na Igreja Primitiva. Só há um caminho, voltar às origens: "E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações (...) todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum (...) e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo... (Atos 2:42,44,46c,47a).


Alberto R. da Silva - Pastor da Comunidade Evangélica Reino de Deus/Agudos

Um comentário:

  1. Não sou pastora, nem tenho nenhum outro título, nem tão pouco tenho diplomas teológicos, mas opino antes como ovelha que foi resgatada por Jesus, e tem compromisso com sua Palavra, membra de uma igreja que nasceu no coração de Deus, onde maravilhas e prodígios aconteciam, e hoje é tratada como uma empresa, onde seus membros são meros sócios tendo que aplicar seus capitais; onde a Vontade de Deus foi deixada de lado e substituída pela vontade do homem, guiada por um "cego", como somos tolos quando pensamos que estamos no centro da vontade de Deus e nos encontramos muito distantes, como somos pobres ao abandonarmos o primeiro amor, as boas obras, ou simplesmente o Evangelho genuíno...Quando criamos mega estratégias para enchermos as igrejas e não percebemos que o Espírito Santo quando tem liberdade atrai as almas...Pobres mortais que somos, que diante de um oceano de possibilidades chegamos perto dele com uma simples canequinha...e muitas vezes furada...Perdoa-nos Senhor, mesmo sabendo o que fazemos...

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