JCG FEVEREIRO: Vida de Cão!

Inversão de valores ameaça a nossa humanidade e esfria ainda mais a convivência entre os homens

Foi-se o tempo em que um cão era apenas um animal de estimação, o melhor amigo do homem. Ultimamente este animal vem adquirindo, para muitas pessoas, um status "quase" humano. Cães são denominados por seus donos de "meu filho", "meu neto", "meu amorzinho", "meu nenê", criando-se assim um vínculo afetivo que se assemelha a relação entre seres humanos.
Tenho observado com perplexidade que, ao passar uma mãe com uma criança em seus braços, é quase que ignorada pelos seus semelhantes, e se a criança chora, é olhada com desdém e crítica ferrenha. Porém, ao passar alguém com um cãozinho no colo, pois hoje os cães andam mais no colo do que na calçada, muitos dizem: "Olha que lindinho", e assim, o pequeno bibelô vai ocupando seu espaço no lugar que outrora era uma prerrogativa apenas de um ser humano.
As leis de preservação de animais são tratadas com mais seriedade do que as que tratam da preservação dos direitos humanos. É mais fácil, em nossa sociedade, realizar um aborto de um feto humano do que de um feto animal. Não sou a favor da extinção de nenhuma espécie, pelo contrário, creio que todos, tanto animais como homens devem ser tratados com amor, porém, o ser humano é o ser mais precioso entre todos os seres criados por Deus.
O que não se observa em nossa sociedade "tão evoluída" é que, o ser humano também está correndo um sério risco de extinção. Talvez, daqui a alguns anos, os nossos legisladores comecem a criar leis que determinem quem deve e quem não deve viver, baseados única e exclusivamente na produtividade, pois cada dia mais os nossos velhos são desprezados, e o pior, a velhice está cada vez mais jovem, já que, à partir dos quarenta anos de idade, boa parte dos cidadãos são inseridos nessa massa de gente "socialmente improdutiva". Também, neste sentido, famílias tratam melhor seus velhos cães e até entrem em crise emocional quando estes morrem, enquanto muitas destas mesmas famílias, ignoram seus velhos pais, colocando-os em asilos e casas de repouso, afirmando que os mesmos dão muito trabalho. Qual será o fim disso tudo?
Os valores estão se invertendo tanto, que já não se sabe mais se é o cão que é fiel ao homem ou o homem que é fiel ao cão. Porém uma coisa é certa, difícil é encontrar um ser humano fiel ao seu semelhante.
Nosso país se autodenomina um país cristão, e um dos ensinamentos cristãos é que, o homem é único em toda a criação, pois somente sobre ele se diz que foi criado "à imagem e semelhança de Deus". Sendo assim, tratar um animal melhor que a um ser humano, por mais que devamos cuidar bem de todas as criaturas, é uma inversão, e pior, uma aberração, um insulto e afronta ao próprio homem e a Deus o criador.
O cantor popular Eduardo Dusek vaticinou a alguns anos, "troque seu cachorro por uma criança pobre (década 80)". Creio que a sua crítica debochada era um sinal para esta sociedade que cada vez mais insiste em caminhar ladeira abaixo, sem freio, contra todos os valores morais que deveriam nortear os rumos de todo aquele que ama a vida e a defende com ardor.
Quando o próprio homem é capaz de desprezar o seu semelhante com tanta indiferença e tratar com todo luxo um animal, de fato, deveríamos refletir, para onde estamos indo? Qual será o fim desta história?
Muitos de nós somos incapazes de oferecer ajuda a uma criança ou a um velho que pede ajuda a nossa porta ou num semáforo, por outro lado, investe-se uns bons trocados em pet-shop com tratamento de beleza para bichinhos de estimação. A afirmação que alguns fazem é: "Você não tem nada com o que eu faço". A princípio parece que não, mas todos nós temos com a vida do outro, todos somos responsáveis uns pelos outros, pois, se cada um fizer o que quiser e não tiver que dar satisfação a ninguém, então, não precisamos de leis, a vida se torna um faroeste, e tudo perde o valor, inclusive a sua própria vida.
Sinto falta daquele tempo em que tínhamos horários para chegar em casa, em que a liberdade era restringida pelo amor, em que a vida do homem tinha valor, pois havia pelo menos um pouco de temor de Deus no coração do homem. E você?
Quero deixar bem claro que não tenho nada contra os animais, em especial, em nosso caso, com cachorros. Aliás, já os tive e os tratei com o amor que devia tratá-los. Porém, para mim, é inadmissível que, enquanto o comércio de bugigangas para cães seja um dos mais lucrativos do mercado, crianças e outros seres humanos continuem morrendo de fome em pleno século XXI.
É impressionante como podemos ser hipócritas quando queremos. Muitos, quando veem cenas chocantes expostas pela TV, como, por exemplo, toda miséria vivida pela população do Haiti, ou dos povos africanos, voltam-se para nós cristãos e perguntam: "Se Deus existe, porque permite tudo isso?"
É fácil responsabilizar ou culpar Deus pela nossa falta de amor! A pergunta deveria ser diferente: "Como podemos ver tudo o que está ocorrendo com nosso semelhante e ainda assim ficarmos indiferentes? Como podemos dar mais valor a um animal do que a um ser humano?"
Essas perguntas deveriam incomodar-nos, deveriam nos fazer pensar que poderíamos ser nós no lugar delas.
E pensar que Deus se importou tanto conosco, que decidiu em Seu amor enviar Seu único Filho para possibilitar uma verdadeira mudança de vida para todo o que Nele crê. Pensar que Cristo voluntariamente sofreu e morreu na cruz do Calvário para conceder o perdão de Deus e a Sua salvação aos que Nele crerem.
Como somos diferentes de Jesus! Ele deixou toda Sua glória, humilhou-se assumindo a forma de homem, e mais, de servo, para que nós, tão rebeldes, mesquinhos e egoístas, pudéssemos receber uma nova vida.
Essa diferença mostra o quanto necessitamos de um poder que tenha condições de vencer nossa miséria, egoísmo e a busca desenfreada por satisfazer aos nossos caprichos pessoais.
Somente o Espírito Santo, por intermédio do sacrifício de Cristo, e do ensino da Palavra de Deus, pode converter o nosso coração a Cristo, restaurando gradativamente a nossa humanidade. Quando isso acontecer, cada coisa voltará ao seu devido lugar, e encontraremos o equilíbrio tão necessário em todas as esferas da vida.
　
　　
Rev. WATERSON JOSÉ FERREIRA
Pastor da Igreja Presbiteriana de Guarapuava - PR
• waterson-ferreira@uol.com.br

• APARTES •

"O homem já não sabe se o cão é fiel
a ele ou se ele é fiel ao cão... "

Estamos vivendo em um período bastante confuso nos dias atuais, pois, existe uma inversão de valores em relação ao homem e aos animais.
Citando por exemplo os animais de estimação o cachorro tem tido uma estimação e consideração exacerbada no seu tratamento, considerando que hoje são diversos tipos de Pet-Shoppings, e lojas derivadas de todo tipo para atender a plena satisfação no que se diz respeito a todos estes preferidos animais.
Mas, e quanto às crianças que estão nas ruas? E quanto aos seres humanos rejeitados pela sociedade, e não somente a sociedade ignorante à Palavra, mas a cristã também, onde estão os sentimentos de amor ao próximo como o segundo mandamento de Jesus: Amar ao Próximo como a si mesmo.
Gastamos valores elevadíssimos com animais de estimação e rejeitamos uma palavra de amor ou mesmo um sorriso a uma criança de rua, pior ainda, as deixamos ali prostradas sem alimentos e sem agasalhos em tempos de frio.
Proteção as espécies de animais em extinção, proteção a tantos animais de estimação, enquanto querem favorecer o aborto abertamente! O homem já não sabe se o cão é fiel a ele ou se ele é fiel ao cão.
Um exemplo bíblico que me chama a atenção é a atitude de Jesus em relação a uma mulher Cananéia, vista pelos judeus como uma cachorra, pois, os judeus consideravam aos cananeus como cãos. E na região de Tiro e de Sidom, Jesus encontrou-se com uma mulher Cananéia que chegou clamando em alta voz para que Jesus a ajudasse. Ele não respondeu palavra alguma, e seus discípulos ainda perguntaram se queria que a despedisse! Um exemplo de como às vezes menosprezamos o próximo, pior, o tratamos de forma tão atroz que com animais não fazemos! E a resposta desta mulher Cananéia é o que chamou a atenção de Jesus: Os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa de seus senhores! Uma migalha sua e tudo se resolve para mim! Mateus 15-27.
Hoje Jesus está ainda querendo nos ensinar sobre a perseverança e amor ao próximo, mas, principalmente a sabedoria daquela mulher em dizer que existem cachorros bravos e bons, os bons comem das migalhas que caem para eles!
Vamos fazer uma reanálise sobre isso!

_______________________________________________________

"Jesus nos deixou o exemplo! "

Os valores foram invertidos. Animais de estimação recebendo tratamentos de humanos, enquanto que humanos recebem tratamentos de animais. Não precisa ir longe para estar certo disso. Não exagerou de maneira nenhuma quando o cantor popular Eduardo Dusek há algum tempo cantou "troque o seu cachorro por uma criança..."
Diante desse quadro assustador fica a pergunta: qual é o mais fiel, o ser humano ao animal, ou o animal ao ser humano. Biblicamente falando, quem conhece o que é amor, sabe diferenciar.
Cuida de seu animal de estimação, mais não despreza o seu próximo que, é o ser mais importante criado por Deus. Pois, no texto de Lucas 10:25-37, Jesus fez questão de mencionar a parábola do Bom Samaritano. Fica claro diante desta afirmação que Jesus deu ao Doutor da Lei, que sem a caridade é impossível vivermos. Precisamos imitar mais a Jesus.
O cuidado com os animais é bíblico (Provérbios 12.10), e todo cristão tem por dever cuidar bem de tudo que está em suas mãos com amor e carinho. Mas compete a cada um de nós o mandamento de "amar a Deus acima de todas as coisas, e o próximo, como a nós mesmos" (Marcos 12:33). Neste parecer, é o homem mais importante que qualquer outra criatura criada por Deus. Também é o homem que tem direito de salvação e morada no céu. O fato é que os animais não vão para o céu.
Tudo o que é temporário e passageiro não é prioridade. A maior prioridade, o maior amor e a caridade, deverão uns aos outros, pois "se alguém não ama a seu próximo, que vê, como poderá amar a Deus, que não vê?"
Jesus nos deixou o exemplo. Vamos fazer como Jesus. Ele amou o homem mais do que qualquer outra criatura. É através de Jesus que todo ser humano tem acesso a Deus Pai e a sua graça salvadora. É por Jesus que nos assentamos nos lugares celestiais. Ele veio para que o homem (não os animais), como novo ser e nova criatura, tenha vida e vida com abundância.


Zacarias de Souza Pinto - Pr. da Igreja Assembleia de Deus Missionária de Garça