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27 abril, 2011

JCG ABRIL: MARIA: MULHER


PORQUE UM DOS MAIORES EXEMPLOS BÍBLICOS DE SERVIDÃO AO SENHOR PASSA DESAPERCEBIDO DENTRO DAS IGREJAS EVANGÉLICAS

Poucas vezes ouvi alguém pregar sobre Maria. O mais interessante é que a última vez em que ouvi uma mensagem sobre ela foi através da ministração de alguém que não é Pastor. Parece que nós, pastores, criamos barreiras e preconceitos sem fundamento sobre muitos assuntos, e não raro, apenas para nos livrarmos de assuntos incômodos. Deixamos de falar sobre temas importantes apenas porque outros grupos os abordam de forma diferente da que cremos. Falar sobre Maria, então, traz consigo esse viés de incômodo. Mas me alegra ter sido convidado a abordar tal assunto, pois olho para essa mulher de Deus e vejo nela exemplo – de mulher, de mãe, de esposa e de serva. Não nos compete aqui, e não quero, abordar ou contestar qualquer corrente de interpretação teológica sobre a figura de Maria. Desejo lançar um olhar espiritual sobre uma figura humana que foi escolhida, como eu e você, para uma vocação que é celestial. E quando o mês de Maio se aproxima e todos se voltam para a comemoração do dia das mães, quando se fala mais sobre família do que em qualquer outro período do ano, nada mais justo que estudar sobre uma mulher. E que mulher!
Bem jovem, ainda adolescente, Maria se vê diante de uma guerra que é ao mesmo tempo cultural, emocional e espiritual. Ainda antes de contrair matrimônio propriamente dito, achou-se grávida por ação direta do Espírito Santo de Deus. No entanto, o caráter que ela revela diante dessa imensa tensão a que se submeteu revela o porque de ter sido escolhida para uma obra tão sublime como a de dar à luz aquele que seria o Salvador do mundo. Olhá-la por esse prisma nos ajuda a entender que Deus sempre escolhe pessoas comuns e as capacita para cumprir a missão proposta.
Pelo fato de o costume da época registrar as genealogias apenas do lado masculino, nos deparamos então com uma mulher cuja história pessoal não está registrada, cuja linhagem é desconhecida. Como com quase todas as mulheres registradas na Bíblia, não encontramos muitos dados de seu passado, de sua formação, de sua bagagem cultural. Por isso é um tanto difícil traçar um perfil. Mas é extremamente estimulante observar aquilo que temos em mãos para descobrir com o que Deus contava para cumprir seu propósito. Uma coisa interessante a ser destacado tem a ver com seu nome. Sabemos que os judeus davam grande importância ao significado e era comum que o nome expressasse aquilo que a pessoa de faro era. Quando uma criança nascia, ou a partir de determinado momento de sua vida, seus pais lhe escolhiam um nome ou “apelido” pudesse significar algo marcante para a vida. Maria é a transliteração do grego para o nome hebraico Miriam (ou Miriã) que significa “rebelião” e cuja raiz é “rebelde”. Mas o coração submisso e obediente de Maria se dispôs enfrentar a execração pública por sua gravidez apenas para estar no centro da vontade de seu Deus. Isso revela um aspecto da sua formação: seja qual que tenha sido a motivação de seu pai em colocar-lhe o nome de “rebelde”, essa maldição de alguma forma foi quebrada, como que a dizer a cada um de nós que Deus pode mudar o curso de nossa história e que não há maldição imposta por outros que possa nos desviar da rota quando Deus está no controle. Nada sabemos de seu passado, nenhuma informação segura de sua genealogia. Sabemos que recebeu um nome cujo significado era extremamente negativo e contrário àquilo que Deus havia projetado para ela – mas todos esses revezes foram superados. Gloria a Deus, pois o Senhor é aquele que cura a alma e a protege para que cumpramos seu chamado.
Ao mesmo tempo, podemos afirmar que não a encontramos, em momento algum, engajada em algum movimento feminista pela libertação da mulher. Sua liberdade era condicionada tão somente em viver a vontade de Deus como sendo o foco central de sua vida. Num tempo em que se acentua a luta pela igualdade de condições e reconhecimento da mulher em relação ao homem, vislumbramos alguém, uma mulher, chamada por Deus para uma tarefa sublime, mas que não precisou de movimentos e reivindicações para se fazer notada por Deus e realizada como pessoa. Não houve se sua parte qualquer coisa que forçasse a situação a fim de ser reconhecida. Pelo contrário, quando necessário calou-se, escondeu-se, permitiu-se viver com dignidade – tendo isso como resultado da submissão radical a seu Senhor. Num tempo tão conturbado e de perseguições do politicamente correto, Maria nos mostra como é necessário, muitas vezes, enfrentar a maré social. Ela assumiu uma criança gerada fora do casamento por ter certeza de que era obra soberana de Deus e que certamente ele tinha um propósito e o cumprira de forma soberana sem que ela precisasse lançar mão de métodos humanos para se defender. Bastaria manter-se como serva. E é aí que chama a atenção a forma como reage à aparição do anjo, conforme registrado em Lucas. Não sabemos quanto tempo durou o diálogo, mas sabemos que logo após um tempo de surpresa e admiração, responde candidamente “aqui está a serva do Senhor; cumpra-se em mim a sua palavra” (Mateus 1:38). Seu coração de serva, sua disposição em obedecer e submeter-se, assumindo todos os riscos desse ato, se ressalta acima de todas as demais qualidades. Esse era o seu reconhecimento de que havia um Senhor absoluto. Tudo o mais em sua vida dependia tão somente da vontade desse Senhor. Maternidade, casamento, atividades domésticas, tudo estava em segundo plano. Ao mesmo tempo, seu estilo de vida nessas áreas eram simples reflexo do relacionamento com seu Deus. E é interessante observar que nos Evangelhos Maria aparece mais que José, num contexto social em que a mulher não era valorizada. Seria isso uma demonstração de que Deus não vê distinção entre os dois? será que Deus quis elevar o valor da mulher justamente por causa do contexto social? Certamente a resposta para ambas perguntas poderia, perfeitamente ser a mesma: sim. Deus cuidou para que a mulher, ainda que afetada pela queda, tivesse seu valor ressaltado pela redenção em Cristo.
Mas, voltando à questão anterior, muito certamente veremos o reflexo de sua rendição a Deus ao longo de sua vida, nas narrativas fragmentadas que as Escrituras nos oferecem. É aí que a encontramos por exemplo na apresentação do menino em Jerusalém, cumprindo o que a Lei ordenava, quando também ouve as palavras proféticas de Simeão (Lucas 2). Também a encontramos quando o conduz à mesma Jerusalém para o Bar-Mitzva, quando o menino já está com 12 anos. Como mãe foi zelosa, pois a encontramos nesse processo de ensino e influência sobre o filho. Sabemos que embora a figura paterna seja sacerdotal, o papel da mãe sempre foi fundamental na formação dos filhos – como até hoje o é. Encontraremos ao longo de toda a história bíblica a vida de reis que foram fortemente influenciados por suas mães (para o bem ou para o mal) mesmo que ao final de suas vidas se dissesse que seguiu (ou não seguiu) os caminhos de seu pai. Esse exemplo também encontramos no Novo Testamento, quando Paulo fala com Timóteo através de sua segunda carta (1:5), ao afirmar que identificava a fé sincera de seu jovem discípulo com a mesma fé demonstrada por sua mãe Eunice e sua avós Loide. E hoje, nesse tempo que vivemos, quando a mulher se distancia cada vez mais do lar, vemos que mais do que nunca a família tem sentido a falta da referência feminina representada pela mãe presente, fiel e que conduz os filhos nos trilhos traçados por Deus. O pai ausente causa estragos, mas a falta da mãe zelosa, dedicada à educação e formação espiritual dos filhos tem deixado um vácuo que tem sido preenchido pelos movimentos, pelas drogas, pelo sexo. Então identificamos toda a estratégia satânica gerando movimentos de emancipação feminina, que em certo sentido podem resgatar valores, mas por outro lado, sem os princípios divinos, produzem distorções que afetam diretamente a instituição sagrada da família. Maria nos chama a atenção para o papel de influência espiritual da mãe sobre os filhos.
Avançando na história, a encontraremos no famoso evento de Caná, quando no meio de uma festa de casamento o vinho acaba e os noivos ficam na iminência de um vexame diante dos convidados. Alguém a procura sugerindo que interceda junto a Jesus. Ela o faz e recebe como resposta do filho “minha hora ainda não é chegada”. Entende e recolhe-se, comunicando aos criados que deveriam fazer somente o que, e se, Jesus mandasse. Tanto nesse quando em outros momentos a encontramos em posição de ser reconhecida. Poderiam ter ido a José, mas foram a ela. Ela poderia ter tentado impor sua reivindicação, mas respeitou a decisão do filho – da mesma forma que respeitou quando ao retornarem a sua cidade após o Bar-Mitzva, se deram conta de que Jesus ficara no Templo. Ao questionarem-no ouvem dele que estava apenas dando prioridade à vontade do Pai. No caso das bodas, descobrimos uma mulher atenta às necessidades à sua volta e disposta a fazer o que fosse necessário para vê-las supridas. Por isso, não é demais supor que fosse uma mulher aberta à ação em favor do próximo – não tendo agido apenas e pontualmente naquela celebração. Era uma mulher movida pela compaixão.
Num tempo em que se acentua a luta pela igualdade de condições e reconhecimento da mulher em relação ao homem, a Igreja de um modo geral é carente de referenciais de mulher cristã, embora aqui e ali vejamos alguns exemplos locais. Na verdade, vemos muitos homens que se destacam e poucas mulheres aparecerem no contexto cristão exercendo uma influência significativa e abrangente na sociedade brasileira. Mais do que nunca é preciso que as mulheres creiam na sua vocação múltipla: mãe, esposa, serva. Mais do que nunca é necessário que cada mulher encare a realidade de que sua intimidade com Deus e sua rendição incondicional a Ele se refletirá em todas as demais esferas de sua vida. Infelizmente a mulher tem sido pouco valorizada, o que a tem empurrado para movimentos que nada têm a ver com Deus, na busca de um reconhecimento que só Deus lhe pode dar – e recompensar. Talvez como resultado de séculos de opressão, muitas tem se emprenhado de forma tímida para colocar seu potencial a serviço do Reino em favor da sociedade. Será que as mulheres cristãs não creem que podem fazer coisas relevantes para a nação ou mesmo para a cidade como um todo? Será por isso que poucas se destacam no exercício da cidadania? Não creio!
Precisamos que as “Marias” de nossos das se levantem, em nome do Senhor, numa submissão radical a Deus, e cumpram seu chamado, façam diferença, exerçam influência e cooperem para a transformação social à sua volta – pelo poder de Deus.
 
 
Pastor Edson Valetim,
Igreja Batista Bereana - Bauru/SP
 
 
 
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"Vemos hoje, muitas Marias anônimas"
 
Trago minha homenagem às Marias, dos tempos bíblicos até os nossos dias. A maternidade aconteceu e em condições totalmente adversas no contexto social em que Maria viveu. Vemos hoje, muitas Marias anônimas, esquecidas, não valorizadas, assumindo o papel de pai e mãe, gestante e provedora, tudo ao mesmo tempo.
Muitas Marias, mesmo sem qualquer reconhecimento da mídia, da sociedade em geral assumem sacrificialmente o seu papel de mãe, e dos Josés ausentes em seus lares.
Sou mulher cristã, de origem japonesa, discipulada por missionários americanos que, como estrangeiros ensinaram a, como cristãos, “não se envolverem em política, nem em polêmica”, uma mordaça cultural milenar que conspira contra a mulher de todos os tempos e de todos os lugares. Como cidadã brasileira tenho me limitando a exercer o meu direito ao voto.
Na igreja étnica a qual pertenço, a questão da ordenação de mulheres no ofício pastoral foi reconhecida já em torno de 1987, passando a gozar de igualdade de direitos em relação a todos os ministros ordenados. Entretanto, conquistar direitos iguais é só o começo. A mulher cristã tem muito a conquistar. Há muitas mulheres cristãs de tremendo potencial, mas que despontaram geralmente sem chancela oficial da igreja. É (são?) algumas mulheres superdotadas, com tremenda capacidade de liderança que romperam as barreiras da tradição, de ordem cultural, pouca chancela oficial que desse acesso ao crescimento de mais mulheres.
A sociedade e as igrejas mudaram a favor da atuação das mulheres e a elas cabe o desafio de crescer interiormente, assumir a sua cidadania terrena e celestial e não somente ir à busca de conquistas de “direitos”. Que a sua influência seja percebida, primeiro no seu âmbito do dia-a-dia, até que seu real potencial seja colocada a serviço do Reino na sociedade onde vive.

 
Pra. Shizue Namba,
Igreja Holiness – Bauru/SP
 
   
 
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" Deus concedeu algo particular às mulheres"

Atualmente, vivemos em meio a muitas desigualdades, inclusive, a desigualdade com relação a mulher e sua atuação na sociedade. Vemos que elas têm jornada dupla ou tripla, trabalham fora e depois cuidam dos filhos e da casa, sendo mal remuneradas e desprezadas pelos maridos e filhos. Sabemos que estes princípios, muitas vezes dificultam e impedem a mulher de realizar algo significativo na sociedade.
Os princípios do Reino de Deus são diferentes dos princípios do mundo. Vemos que Deus valoriza e destaca as mulheres. Um dos exemplos marcantes que temos é de Maria, mãe de Jesus, que vivia numa sociedade repressora, não se amedrontou e simplesmente obedeceu a Deus. Como Deus é perfeito em tudo que faz e, jamais vai contra os princípios que Ele mesmo estabeleceu, escolheu Maria, mas também José, pois José era da linhagem de Davi e assim, também fez parte da genealogia de Jesus (Mateus 1).
Através disso, vemos claramente o que significa a submissão, Maria estava debaixo da missão de José, submissa, não significa menor ou abaixo, mas sim, corresponsável pela realização de uma missão. Em todo tempo, ela acompanha seu marido no cumprimento da lei de Deus (Lc 2:21, Lc 2:39 e Lc 2:41-42) e acompanha seu filho no cumprimento da sua missão, guardando tudo em seu coração, sem questionar ou impedir a missão do seu filho (Lc 2:51). Maria gerou o propósito de Deus.
Deus concedeu algo particular às mulheres: um útero, e através dele, a capacidade de gerar, mas não somente um útero natural, mas também um útero espiritual, o próprio Deus coloca a semente, que é a palavra Dele, mas conta conosco, mulheres, para gerarmos e darmos a luz aos propósitos dele nesta terra. Quantas sementes (palavras) já recebemos? Que possamos responder como Maria, “Sou serva do Senhor, que aconteça comigo conforme a tua palavra” (Lc 1:38 – NVI).
Que nossa oração seja: “Senhor gera através de nós famílias abençoadas, filhos abençoados e também a Igreja verdadeira sobre esta Terra.” Que Deus nos capacite!

Pastora Caroline de Moura
Igreja crista apostólica shalom - Bauru/SP

 


Um comentário:

  1. PARABENS AO JCG PELA BOA INFORMAÇÃO E QUE TRAZ COMO TEMA UMA JOVEM MÃE QUE ATRAVES DA SUA OBEDIENCIA A DEUS PERMITIU-SE SER INSTRUMENTO DE DEUS GERANDO O SALVADOR DE TODA HUMANIDADE. E QUE O SEU EXEMPLO DE OBEDIENCIA VENHA SER SEGUIDO POR TODOS NOS.pr.lourisvaldo@hotmail.com

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