Muitos cristãos ainda não possuem uma visão correta sobre
missões. Há vários motivos para isso, desde desconhecimento total da Bíblia até
preguiça e desleixo. O pior é que muitos procuram dar desculpas quanto à falta
de interesse no tema, pois não conseguem enxergar que esta é uma missão
essencial da igreja. A Igreja não é a instituição, mas as pessoas; isto é,
missões é algo que pertence a todos nós.
Quando olhamos a Escritura percebemos que a
Missão da Igreja é pregar o Evangelho. Deus enviou o Messias com uma missão: “O Espírito do Senhor Deus está
sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas novas aos oprimidos;
enviou-me a restaurar os de coração abatido, a proclamar liberdade aos cativos
e a pôr os presos em liberdade” (Isaías
61:1). E Jesus, após o batismo de João, “... começou a pregar, dizendo:
Arrependei-vos, porque o reino do céu chegou” (Mateus 4:17; cf. Marcos 1:15). Ele treinou os
discípulos e depois de Sua morte e ressurreição, deixou uma missão clara à Sua
Igreja: “E,
aproximando-se Jesus, falou-lhes: Toda autoridade me foi concedida no céu e na
terra. Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome
do Pai, do Filho e do Espírito Santo; ensinando-lhes a obedecer a todas as
coisas que vos ordenei; e eu estou convosco todos os dias, até o final dos
tempos” (Mateus 28:18-20; cf. Marcos
16:15,16; Atos 1:8). Aqui encontramos algo essencial para uma correta
compreensão de nossa missão.
Primeiro, toda a autoridade
pertence a Jesus.
Isso deve ficar claro em nossa mente se quisermos compreender nossa missão como
Igreja. Isso elimina toda e qualquer visão de que nós temos poder ou que as
pessoas serão convertidas pela nossa persuasão humana. A nossa missão precisa
ter a visão correta do poder e onde ele se encontra. Somente Cristo pode
transformar pecadores em santos, ímpios em justos e corações de pedra em
corações de carne. Ele recebeu a autoridade do Pai e firmados nEle temos a Sua
autoridade para pregar o Evangelho.
Por isso os discípulos
obedeceram prontamente ao Senhor, pois como atesta o Evangelho, “Então,
saindo os discípulos, pregaram por toda parte, e o Senhor cooperava com eles
confirmando a palavra com os sinais que os acompanhavam” (Marcos 16:20).
Isso é importante, o Senhor cooperava, isto é synergeô (sunerge,w) “trabalhar com, trabalhar junto com, cooperar”. Havia sinergia
entre os discípulos e o Senhor; eles pregavam com ousadia porque confiavam no
poder do Senhor que estava junto.
Segundo, o Ide significa
estilo de vida que se apoia na autoridade e no poder de Cristo. Muitos imaginam que o ide
é apenas um chamado para pastores, missionários e seminaristas, algo mais ou
menos parecido como uma palavra técnica. Essa visão medíocre perde-se na ideia
de que a Igreja é uma estrutura eclesiástica apenas e não o agrupamento de
pessoas lavadas e remidas pelo sangue do Cordeiro.
Jesus disse: “... Levantai
os olhos e vede os campos já prontos para a colheita” (João 4:35). Os
campos não significam países longínquos e culturas diferentes; os campos estão
mais próximos do que imaginamos. Temos nossa casa, nossa vizinhança e local de
trabalhos como campos em potencial. Faculdades, universidades, escolas e
centros de estudo, praças, hospitais, quartéis e presídios. Os campos estão
brancos, e o que esperamos? Que Deus envie um missionário para trabalhar perto
de nossa casa ou do nosso local de trabalho? Ele já tem Seus missionários;
estes somos nós. Onde estiver um cristão aí está uma testemunha, alguém que
pode ir e falar de Cristo. Por isso o ide evoca o estilo de vida, de
alguém que vai e por onde caminha testemunha e faz discípulos.
Terceiro, na Grande Comissão
não existe nenhuma ideia de que devemos converter alguém. Muitos imaginam que missões
implica em converter pessoas, mas esquecem que esta não é nossa missão. A
missão do Espírito Santo é convencer “... o mundo do pecado, da justiça e do
juízo” (João 16:8); nossa missão é testemunhar, falar e anunciar a Boa Nova
do Evangelho de Cristo. Agindo assim, deixando o Espírito Santo fazer Sua parte
e nós cumprindo a ordenança de Cristo, esse trabalho conjunto entre poder
espiritual ilimitado e seres humanos redimidos produzirá “discípulos de
todas as nações”, que serão batizados “em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo”. Neste projeto Divino de alcançar seres humanos somos
chamados a ensiná-los “a obedecer a todas as coisas que vos ordenei”.
O que é necessário saber com
tudo isso? Bem, basta saber três coisas. Primeiro,
fomos salvos pela graça. Deus enviou Jesus Cristo para nos salvar, isso
como pura manifestação da graça divina, já que não merecíamos nada além do
inferno. Segundo, somos convocados a expressar a graça de Deus num mundo
corrompido. Certamente o mundo jaz no maligno e muitas coisas aqui nos
entristecem. Entretanto, Deus não usou anjos para anunciar a Sua glória, mas
pecadores redimidos que foram alcançados pela graça. Missões é mais que ir para
longe; missões é viver expressando a graça de Deus para mortos espirituais que
estão morrendo no pecado. Terceiro, a obra da graça é algo exclusivo de
Deus, mas que não exclui agentes humanos no processo. Fica evidente que não
somos nós quem convertemos ninguém, mas “Como, pois, invocarão aquele em
quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como
ouvirão, se não há quem pregue?” (Romanos 10:14). A missão de pregar é
nossa e se não o fizermos certamente as pedras clamarão.
Gilson Souto Maior Junior, pastor sênior da Igreja Batista do Estoril e
Professor da FATEO e conselheiro do JCG.
Professor da FATEO e conselheiro do JCG.
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