Vemos com tristeza que dia após dia milhares de pessoas
buscam a Cristo não porque Ele é o tesouro maior e mais valioso, mas porque
desejam apenas receber bênçãos espirituais. A cada dia multiplicam-se os
pregadores da prosperidade financeira, os “curandeiros evangélicos” com suas
toalhas “ungidas” e “unções” descabidas. No meio da parafernália mística e dos
descalabros de uma liderança que a cada momento se acha mais que superpoderosa
com suas “reivindicações” vemos uma multidão de crentes doentes, fracos e
famita.
O “evangelho” pregado na maioria das igrejas hoje
é muito diferente daquele que Jesus pregou. Essa diferença é realçada
principalmente quando comparamos a confiança no poder de Deus com a dependência
de nossas próprias habilidades. Hoje em dia muitos crentes estão sendo levados
a confiar em suas próprias capacidades; as pregações falam de sonhos, de desejos,
de conquistas e as pessoas são levadas a firmarem sua fé em realizações
pessoais. Desse modo, não há limites para o que podemos pensar quando
combinamos ingenuidade, imaginação e inovação com habilidade e esforço. O
problema não é ter metas na vida. Podemos sonhar e lutar para conquistar
objetivos na vida. O maior perigo reside quando nos damos conta de que a meta
final era apenas algo humano e mortal. O problema da cristandade contemporânea
é a pregação de que nossa habilidade é o que temos de mais precioso.
Estes são perigos sutis, porque na aparência
parecem dignos e até meritórios, mas na verdade escondem uma ideia enganosa. O
“evangelho” atual prega que qualquer um pode alcançar o que quiser se crer e
confiar em si mesmo. Mas o Evangelho de Cristo possui prioridades diferentes; o
Evangelho de Cristo nos chama a morrer para nós mesmos, nos convida a entrar na
presença de Deus e a contemplar nossa incapacidade de alcançar qualquer coisa
sem Ele. Foi por isso que Jesus declarou: “Eu sou a videira; vós sois os
ramos. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim
nada podeis fazer” (João 15:5).
Outro perigo sutil que esse “evangelho” tem
lançado às mentes é que tudo aquilo que conquistamos traz engrandecimento
pessoal. Ou seja, Deus nos serve para a nossa própria glória. Não há nada mais
terrível e herético que essa ideia. Se não bastasse a ideia de criar nas
pessoas a falsa ideia de que elas podem alcançar o que quiserem com sua própria
força de vontade, o pior é quando as pessoas se engrandecem e se orgulham de
suas conquistas e ainda dão “glória a Deus” para selar suas conquistas pessoais.
O objetivo do Evangelho é engrandecer a Deus, não
a nós mesmos. Deus ama Sua glória mais do que a nós mesmo, pois o Seu supremo
propósito é glorificar a Si mesmo e desfrutar de Sua glória para sempre.
Jonathan Edwards disse certa vez: “Tudo o que as Escrituras mencionam como
propósito final da obra de Deus encontra-se incluído nesta única expressão: a
glória de Deus”. Isso é o que John Piper fala de O Teocentrismo de Deus,
ou seja, o compromisso máximo de Deus é consigo mesmo e não conosco.
Infelizmente a maioria das pessoas busca um
“evangelho” antropocêntrico, baseado nas satisfações e objetivos pessoais. Mas
quando olhamos as Escrituras observamos claramente que não devemos confiar no
ser humano: “Não confieis mais no homem, cuja vida é um sopro; pois qual é o
seu valor?” (Isaías
2:22). A Escritura nos declara que Deus age por amor de Si mesmo: “Faço isso por amor de mim, por
amor de mim; por acaso deixaria o meu nome ser profanado? Não darei a minha
glória a nenhum outro” (Isaías
48:11). Por que Deus nos predestinou em amor para sermos Seus filhos? Não foi
algo que nós fizemos, mas “para o louvor da glória da sua graça, que nos deu gratuitamente no
Amado” (Efésios
1:6,12,14).
Que tristeza é ver milhares de pessoas correndo
atrás de falsas esperanças, confiando em si mesmas, levadas a perseguir sonhos
que no final se tornarão pesadelos terríveis. O pior é pensar que muitos desses
pensam estar no caminho de Deus quando na verdade não perceberam que estão
sendo enganos, perigos sutis que poderiam ser evitados se tão somente dessem
atenção à Palavra de Deus.
Ouçamos a mesma advertência de Jeremias: “Assim diz o SENHOR dos
Exércitos: Não deis ouvidos às palavras dos profetas, que vos profetizam,
enchendo-vos de ilusões; falam da visão do próprio coração, não da boca do
SENHOR” (Jeremias
23:16). Jerusalém não ouviu a advertência do Senhor e o final foi destruição e
exílio. Sejamos mais sensatos e não nos deixemos levar por ideias humanas.
Gilson Souto M. Junior é pastor sênior da Igreja Batista do Estoril e conselheiro do JCG.
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