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06 julho, 2012

Artigo: IGREJA VIVA, SIM! IGREJA-EMPRESA, NÃO!


O péssimo exemplo dado pelas igrejas neopentecostais e seus pastores gerou na mente de muitos a falsa visão que a igreja de Cristo se pauta por princípios mercadológicos e empresariais. Alguns falam de Pequenas Igrejas, Grandes Negócios, numa alusão ao programa televisivo. O quadro fica pior quando estas megaigrejas e seus pastores-empresários se apresentam diante das pessoas como autoridades que em nome de Deus vão abrindo igrejas como se fossem filiais.

Olhando para o livro de Atos observamos outro quadro, imagens muito diferentes do que vemos hoje. Vemos um grupo de discípulos tímidos e amedrontados no cenáculo e que sabem apenas de uma coisa: Precisam do poder de Deus. São galileus menosprezados pelas classes altas de Jerusalém; são vistos como pessoas vulgares, campesinos, de uma classe baixa e analfabeta. Mas de modo misterioso a expansão do cristianismo depende deste grupo. E o que eles fizeram? Eles não traçaram estratégias, mas “... unidos, todos se dedicavam à oração...” (Atos 1:14). Eles não estavam ocupados em colocar a fé em si mesmos e tampouco confiavam em sua própria capacidade; eles suplicavam o poder de Deus, seguros de que não alcançariam nenhum sucesso sem a provisão celestial.
Então Deus envia Seu Espírito com poder e tudo muda. Aqueles galileus analfabetos começaram a pregar o Evangelho em diversos idiomas de modo que todos os judeus presentes, vindo de diversos lugares do mundo conhecido passaram a compreender a mensagem. A multidão impactada ouve Pedro pregar sobre Jesus Cristo, o mesmo apóstolo que semanas antes tinha negado a Jesus, agora estava cheio do poder de Deus diante de milhares de pessoas e proclamava Jesus. Naquele dia três mil pessoas foram salvas. É interessantíssimo ver que em Atos 1 a igreja começou com cento e vinte pessoas, e agora em Atos 2 já são mais de três mil, ou para aqueles que gostam de números, 2500% de crescimento em um único dia!

Mas a história continua, pois pessoas vinham e buscavam conhecer a Cristo. Em Atos 3, Pedro e João falam do nome de Jesus a um homem que era paralítico de nascença; aquele homem se levanta e anda pela primeira vez. Em Atos 4, eles oram agradecendo e louvando a Deus depois de serem ameaçados, de modo que “quando terminaram de orar, o lugar em que estavam reunidos tremeu. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a anunciar com coragem a palavra de Deus” (4:31). Lucas, o escritor de Atos, faz um comentário sobre essa igreja nascente: “Observando a coragem de Pedro e de João, e percebendo que eram homens simples e sem erudição, eles se admiravam; e reconheceram que eles haviam convivido com Jesus” (4:13). O mesmo Sinédrio que tinha condenado Jesus agora estava diante de homens que se pareciam com Aquele que eles tinham condenado.
Numa visão rápida do livro vemos que as coisas vão ficando melhores. Em Atos 5, por meio dos apóstolos “Muitos sinais e feitos extraordinários eram realizados entre o povo...” (5:12). Em Atos 6 e 7 as ameaças tornam-se um perigo aos discípulos; ao mesmo tempo o poder de Deus se manifesta ainda mais entre eles. Após a morte de Estevão a igreja é espalhada pela Samaria e Judéia. No entanto, Atos 8 destaca que os cristãos “... iam por toda parte, anunciando a palavra” (8:4). O Espírito Santo transporta a Felipe de um lugar para o outro para guiar um eunuco etíope à Cristo. Em Atos 9, Saulo de Tarso, perseguidor dos cristãos, tem um encontro marcante com Jesus. Em Atos 10, as barreiras étnicas e raciais que impediam a expansão do Evangelho começam a cair na casa de Cornélio; e em Atos 11 é fundada a Igreja de Antioquia como a futura base missionária para as nações. Em Atos 12, enquanto Tiago é morto e Pedro espera a morte num cárcere, a igreja ora e o apóstolo é salvo de forma milagrosa, saindo praticamente sonâmbulo da prisão. Em Atos 13 a Igreja de Antioquia em obediência à voz do Espírito Santo envia Paulo e Barnabé na primeira viagem missionária em que eles foram de cidade após cidade pregando o Evangelho de Cristo e operando sinais.
Sabe o que nos chama a atenção no estilo literário do autor? Lucas de maneira intencional exalta a Deus enquanto conta a história. O mais importante não são os sinais, os milagres, os mortos que são ressuscitados, as pessoas que são curadas, mas a ação grandiosa de Deus. Após Pedro pregar no dia de Pentecostes Lucas diz: “Desse modo, os que acolheram a sua palavra foram batizados; e naquele dia juntaram-se a eles quase três mil pessoas” (2:41). O texto está num tempo aoristo, o que mostra uma ação definitiva e completa; a forma passiva fica clara nas expressões foram batizados e juntaram-se, numa forma muito clara que essa ação não podia ser uma manifestação humana, pois “... o Senhor lhes acrescentava a cada dia os que iam sendo salvos” (2:47). Essa visão soberana de Deus aparece em todo o livro: “Cada vez mais agregava-se ao Senhor grande número de crentes...” (5:14); “... E muita gente se uniu ao Senhor” (11:24); “... E todos os que haviam sido destinados para a vida eterna creram” (13:48).
Este é o propósito de Deus para Sua igreja, uma igreja que dependa de Seu poder mais do que as técnicas de comunicação, as estratégias humanas ou modelos de crescimento. Infelizmente vivemos num mundo em que somos desafiados a confiar mais em nossas próprias habilidades do que no poder de Deus. Essa é a tragédia que vivemos hoje. Na próxima semana concluiremos essa reflexão.




Gilson Souto Maior Jr. é pastor, professor universitário, e colaborador do JCG

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